Truques provados e comprovados

E lá fui eu ao caderninho de Economia Doméstica.


Como eliminar os maus cheiros da cozinha

Ponha umas colherinhas de açucar e canela numa forma de tarte vazia e deixe que vão dourando em fogo lento. A família julgará que esteve a fazer bolos no forno todo o dia.
(que maldade).


Ana Bela

Como queria que estivesses aqui!

Contavas-me outra vez aquela história tão linda

outra vez mãe, outra vez a história da menina

embalada de perfume em manhãs de Primavera.

Sonho-lhe o aroma das palavras

sinto o calor dos teus braços

vejo-me andar sobre flores perfumadas.

E o teu colo mãe

e os teus beijos mãe

e os teus olhos molhados de lágrimas,

só porque eu gostava da história,

lembras-te?

Como queria hoje as tuas mãos com aroma de Primavera

para me contar... Era uma vez, numa manhã...

Ana Bela

Tem sido dífícil encontrar poetas que pintassem a cor do vento, mas se alguma sessão de poesia me empolgou, esta é a que mais me está a admirar. Álem dos seis trabalhos que já sei que fizeram,(alguns deles já em meu poder) há mais, na realidade no mundo pequenino do Café Grilo, há pessoas muito grandes, cada dia que passa, me sinto mais honrada de ter o previlégio de com elas privar. Recebi via net, uma poesia que vem de muito longe, mas que pinta o vento e a amizade. Não faltem a esta sessão do dia 7 de Outubro.


Ana Bela

Hoje, confesso, acordei com vontade de ser feliz.

Amarrei, até, no pulso o amor-perfeito

que foi secando no meu peito e retomei a velha máxima:

não deixar que qualquer angústia atinga o coração

Um castelo de areia, é tudo quanto quero

para acostar o meu barco de papel

Graça Pires

Quando não estamos por cá

Quando alguém nos faz falta, temos dificuldade em rejubilar com as suas ausências.

Agosto 2009

Declaração

Eu, aluno (e não só), vou pela primeira vez na minha vida, na minha história fazer (e com prazer) no meu caderno diário, um trabalho a valer. Trabalho de casa, calcula! Mas repara: não se trata de uma cópia, também não é uma conta nem é sequer um ditado.
Pode até parecer redacção. Mas cuidado! Olha que não. Não é mesmo redacção nem rotina-qualquer, repetição-que-me-ralha ou palha de um- verbo-encher!. É isso sim, (francamente) reflexão-de-fundo (e séria), um cá-de-dentro-que-sai, um cá-de-dentro-que-grita, vontade de estar contigo de outra maneira, autenticamente.
Acabou-se a brincadeira!
Chamam-me normalmente criança. Tu também.
Criança?!... só se for de apelido!... Como se eu fosse apenas (e só) mais um conceito abstracto a juntar a tantos outros, a uma cultura-geral!...À tua cultura geral!
E que sou eu afinal?
Pois quer tu queiras quer não, sou um João, mas João-vivo (concreto), cultura-viva (contente), de apelido tão grande, tão grande, como a vida, o mundo a vontade de os viver, a vontade de aprender tudo, todos... eu próprio! João- concreto, de apelido eu-gosto-quero-aprender-e-ser-quero-viver-rir-pular-cantar-ler-escrever-e-cantar-gostar-gostar-gostar! Gostar de todos, de ti também, mas confesso que nem sempre ajudas muito. Por vezes não ajudas mesmo nada.

Porque passas assim (com-tanta-pressa) por mim?
SE eu, por exemplo, te perguntasse a cor dos meus olhos (agora) nem sequer a saberias dizer. Porquê? e afinal se me olhasses nos olhos, quantas vezes verias como eles já estão cor-de-lágrima e isso, garanto-te, já nos ajudaria.

Bem, não fiques triste.
Calma... gosto de ti.

Data - 19-e-70 e sempre
Nome - João-concreto... de apelido tão grande, tão grande como a vida, que só quer
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Gostar.

Ofereceram-me há tempos um livro, se assim se pode chamar, pois é impresso numa espécie de papel de sebenta e escrito com letra de criança do primeiro ciclo.
Foi editado em 1970 por Básica Editora S.A.R.L. (claro que já extinta) com sede na Av. Elias Garcia, 49 R/c - Lisboa / telefone (reparem) 779273.
Trinta e nove anos tem a edição.
Depois de curiosamente ler o livro, resolvi fazer um apanhado do mesmo. Que me perdoe quem não concordar, mas eu também fui professora, também por lá andei.
Não querendo escrever um post muito longo, pois quebra a atenção que o texto merece, escreverei o resto amanhã.
Terei que acrescentar, que foi um amigo do Grilo que mo ofereceu e que de alunos e professores se trata. Curiosos?


Ana Bela

Mais um dito dos meninos pequeninos:


"Depois de um arrufo entre mãe e filha, a mãe achou por bem fazer as pazes e dizer à Teresinha que a adorava e que a tinha no coração. A resposta não se fez esperar.
Tenho a mãe em todo o corpo... menos no pipi e no rabo."

4 anos

No Grilo parece que deixo sempre algo por dizer... o que é bom, porque me faz querer voltar.
É essa a magia do Grilo.
Parece que se deixa algo por dizer, por comer... um olhar...
Então voltamos lá.
É essa a diferença do Grilo.
O Grilo é muito mais que um café, é uma segunda casa para muitas pessoas: senão a vizinhança não se instalava na esplanada com a família e os amigos.
Há lugares assim especiais que nos entram por acaso na vida.
Parece que estiveram todo o tempo à nossa espera para serem descobertos.

Escrito e enviado por

Rita Costa e Sousa

Tristeza e alegria têm que estar em doses certas nas nossas vidas, para que se chame isso mesmo, "vida". É pois com tristeza que deixo aqui a minha homenagem a um amigo de todos os dias, de um cantinho na esplanada, de tantas sessões de poesia juntos na Biblioteca Municipal de Cascais, de de tantas conversas, de tantos poemas.

Deixou-nos, não sem antes editar um livro de poesia. Cito.


Setenta Primaveras

A idade não é doença...

É vida acumulada,

É força de presença,

É uma etapa na estrada.

Vida verde ou mais madura...

É sempre uma aventura,

Uma esperança renovada.

Mesmo com anos sofridos,

O desafio é ir além...

Não são os braços caídos

Que merecem ventura

De tempos bem vividos.

Ter idade, é ter um bem,

Que é tanto maior,

Quantos mais anos se tem.

Franklim Gomes

Vais crescer independentemente da altura do teu pai.

Ana Bela

Quando, sexta feira e sábado não me encontrarem no Grilo, saibam que me encontro no Magoito, tal como me encontram nas férias, aqueles que vão até lá, aqueles que ao baterem à nossa porta são bem recebidos e todos serão sempre. Este é um cantinho pequenino, há quem lhe chame a casa das bonecas, mas é o nosso espaço, o nosso silêncio, o começo de uma nova leitura, uma pintura, um poema, um filme que há muito estava para ver.
Em início de leitura, um escritor que não tinha ainda tido o prazer de ler, Philip Roth, embora na estante há muito, atirei-me agora a ele e como os gostos literários são pessoais e diferem de uns para outros, não vou dizer que é imperdível, mas sempre vos digo que é de ler.


Ana Bela

Quando não estamos por cá

Sinto-me bem no Grilo e quando o procuro está fechado?
... não gostei!

Agosto 2009


Ana Bela

Para quem ache que o tema da próxima sessão de conversasdocafágrilo, é difícil, posso dizer que a "endiabrada tentativa de pintar as cores do vento", tem despertado para minha satisfação, o gosto pela escrita.
Depois de lermos e relermos livros de poesia, poucos foram os poetas que ousaram pintar o vento.
Assim, os poetas do Grilo resolveram escrever os seus poemas e pintá-lo.
Tenho orgulho em dizer que já recebi seis poemas. Como ainda estamos longe do dia sete atrevo-me a dizer que a noite vai ser bem colorida.


Ana Bela

Truques provados e comprovados

Se perdeu o saca rolhas, faça correr água quente pelo gargalo da garrafa. O calor dilatará o vidro e a rolha saltará sozinha.


Ana Bela

Há dias no Grilo que tudo se conjuga para fazer das horas uma festa. Não se iludam , há dias no Grilo que as notícias e a tristeza estampada nos rostos, nos mostra que algo está mal. Na semana que passou, houve lágrimas e aquele nó nas palavras que não encontramos para confortar. Fico a pensar como se pode em poucos segundos, depois de os médicos darem notícias que não queriamos ouvir e eles dizer, passar da alegria para a revolta total. O destino teima em não nos esquecer de uma maneira ou de outra. E assim os sonhos caiem no chão estilhaçados...
A todos, a quem só posso oferecer palavras soluçadas, a minha solidariedade.

Ana Bela

Fotografia é pôr na mesma linha do horizonte a cabeça, os olhos e o coração.

Henri Carter

Ana Bela

No sábado pela manhãzinha, apareceu no Grilo um Labrador preto com coleira vermelha, lindo e doce. Arrastou a sua estadia na nossa esplanada, até que decidimos ir ao Veterinário ver se tinha chip, tinha, mas os serviços dos chips não funcionam ao fim de semana.
Estou a contar isto, porque fiquei impressionada com as pessoas que se disponibilizaram para o acolher até aparecerem os donos.
O sensível desta história é que ao longo do dia, voltaram ao café muitas pessoas para saberem se o cachorro estava bem.
Meu Deus! eu estou num grilo que canta mesmo, onde em cada dia as pessoas se mostram. amam e se interessam por o que se passa à sua volta. Não é à toa que tenho uma gaiola de grilo, vazia em cima do balcão. Convivendo com seres humanos assim, como posso prender um grilo?



Ana Bela

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...

Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,

E assim será possível; mas hoje não...

Amanhã é o dia dos planos.

Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;

Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...

Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...

Sim, talvez só depois de amanhã.

Fernando Pessoa

Ana Bela

Momentos hilariantes

Pelas 19 h de um dia já há muito passado, chega na sua mota um amigo, que nos pergunta se ainda estamos abertos e se pode entrar, sim foi a resposta. Então ele entra , mas em cima da mota parando encostadinho ao balcão. Depois do susto que nos surpreendeu entre o riso e o espanto, tivemos que concordar rindo que nos fora pedido para entrar. Não sabiamos que também fazia parte a mota.


Ana Bela

Ontem, à conversa na mesa do café com uma amiga, dissertávamos sobre várias coisas, mas como ali não podemos estender muito as palavras, o tempo é curto, continuámos a conversa em casa, por mail.
Dizia-lhe eu que o mais importante do meu corpo são as mãos, preciso muito delas para arar campos de palavras, para abraçar, para as abrir, libertar sonhos, amizade, amor, saudade, porque me ajudam na busca de todas as emoções de todos os afagos .Para poder ver tudo através delas, tenho que as ter abertas e espreitar por entre os dedos. As minhas mãos são a mais valia para tentar ser uma Pessoa que está presente, não um mero passageiro nesta vida.



Ana Bela

Embora tenha sido só uma criança premiada, não será por isso que deixarei de escrever todos os ditos que recebemos. Obrigada a todos os pais que participaram.


"Mãe, nas próximas aulas a professora não vem. Vem outra professora dar a aula.
Porquê? está doente?
Não, ela vai de lua cheia."

Vicente
4 anos


Ana Bela

Desde que viémos de férias para mais um ciclo que nos levará até uma nova paragem na Páscoa,
que nos temos divertido com as mensagens afixadas no Grilo. Uns, ficam surpreendidos, outros, esquecem o café para lerem há aqueles que riem à gargalhada com os recados. outros ainda, os que entram ali por a primeira vez, perguntam o que é aquilo.
Explicamos e há quem nos olhe como se de extraterrestres tivessemos um pouco.
Ainda bem, quer dizer que a imaginação funciona, que os nossos amigos respondem sempre aos nossos apelos e há quem tenha saudades e as consiga manifestar.



Ana Bela

Quando não estamos por cá

Fui ao grilo, bati com o nariz na porta e os olhos no nº do telemóvel.
deixei um recado, "voltem depressa"

Agosto 2009




Ana Bela

Espera-me amor

espera, chegarei

quando o meu desejo for só um lamento

quando o mar se deitar na areia.

Espera-me amor

virei beber ternura

na palma da tua mão

virei sem que me sintas

serei nuvem

serei um gesto frágil,

uma trânsparencia, um vento suave que sopra,

mas virei.

Espera-me

Ana Bela

São tantos os autores que gosto, que não tenho dificuldade em referir um novo livro, mas quando o faço todos os meses, acontece que quase me sinto culpada de pôr uns primeiro que outros.
É o caso de Laura Esquivel, como pude deixar passar tanto tempo sem a mencionar.
Ei-la.
É um gosto, é um trago de paixão ler os seus livros. Façam-no.

Ana Bela

Ontem, como ia já longa a prosa, não disse qual o tema da próxima sessão dia 7 de Outubro.
Sei que falta ainda muito tempo, mas não temos nenhum poeta específico a visitar-nos, desta vez teremos um tema "a endiabrada tentativa de pintar a cor do vento". Vamos encontrar poemas de qualquer poeta que tenha a ver com o tema ou vamos fazer o nosso poema, pintar o nosso vento, aquele que sopra na nossa imaginação. Mãos à obra que o tempo passa num vento.




Ana Bela

Na 4ª sessão das "Conversas do Café Grilo" tivemos a companhia de 18 amigos.
Foi uma noite diferente, porque descobrimos um poeta da Aldeia do Soito/Sabugal, com algumas semelhanças com António Aleixo. Assim, com a presença de familiares do já falecido Manuel Luís Vaz, fomos fazendo o encontro entre os dois poetas e fomos descobrindo factos das suas vidas , lemos quadras quer de um quer de outro. Foi bom. Há tantos poetas escondidos...
O meu sincero agradecimento a todos os que estiveram ontem na sessão, e em especial ao Zé Morgado que me deu a conhecer este seu conterrâneo.





Ana Bela

Relembro a todos que hoje as "Conversas do Café Grilo" voltam de férias.
Na Junta de Freguesia de Carcavelos pelas 21h30m na vossa companhia e na companhia de António Aleixo.
Até logo a todos...

Ana Bela

Conforme prometido, já temos um vencedor dos ditos das crianças.


"O tio estava com o sobrinho numa consulta de otorrino, quando ressoa na sala de espera um som forte de berbequim. Rapidamente o menino conclui: tio, há um elefante grande, muito grande lá em cima no dentista a tirar um dente"

Alvaro 5 anos



Ana Bela