Quem tiver muitas saudades nossas, transmita-nos a sua mensagem para: conversasdocafegrilo@gmail.com
Sei que não nos trazem de volta antes do dia 25 de Agosto, mas por momentos, ao escreverem e nós ao lermos, estaremos mais perto.
Porque nós também temos saudades.

Ana Bela

Por falar em Angola, mostro-vos para matar saudades, outros para conhecerem,um conjunto de fotos, que um amigo me enviou.








Ana Bela

Gostaria de esclarecer que não sou de Angola, mas gostava muito, pois quando se esteve naquela terra, os nossos olhares passaram a ser diferentes, os nossos corpos e almas passaram a pertencer-lhe. Que me desculpem os que por força das circunstâncias não sentem assim, mas eu, só lá passei alguns anos, pois como já referi o meu pai era militar da Marinha Portuguesa e ao ser destacado para uma comissão no Ultramar, levou a família. Vejo Angola com olhos de saudade.
O facto de saber fazer Moamba e bater funge, só se deve a que desde criança tenho uma enorme atracção por cozinhas e cozinhados e uma ainda maior atenção ao que a minha mãe fazia.
Agradeço todos os elogios à dita Moamba, mas o mérito é certamente de quem me ensinou a fazê-la. Minha mãe.
Que continuem a gostar.



Ana Bela

Alguns textos não foram incluídos nos livros das crianças por falta de autorização sem a qual a editora não publica mas acho que têm que ser lidos, pois nasceram tal como os outros para todos lerem.
Começo por este.

"Um nome para o café"

Há muitos anos, em Carcavelos, viviam cerca de quinze habitantes, todos eles adoravam viver ali.
Até que decidiram construir ali um sítio onde todos os habitantes pudessem conviver uns com os outros. E decidiram construir um café!
O senhor João fez as paredes e o tecto. A senhora Francisca fez os bolos e os sumos para vender no café.
Durante a construção do café começou-se a ouvir uns barulhos esquisitos. Todas as noites ouviam aquele barulho, até que quando o café estava pronto o senhor João disse:
- Vamos juntar pessoas e fazer uma caça para vermos o que é este barulho.
E decidido convenceu as pessoas a irem com ele.
Quando começaram a Senhora Esperança pisou um bicho e começou aos gritos:
- Socorro, socorro!
O Senhor João apanhou o bicho para uma rede e ele começou a fazer aquele barulho esquisito.
No dia seguinte, reuniram-se todos e decidiram que aquele café se iria chamar "GRILO".
E foi assim que nasceu o Café Grilo!!

Maria Aurora


Ana Bela

Atenção papás, vamos de férias, quando regressar-mos, encerraremos a recolha dos ditos dos vossos filhos.
Está afixado no Grilo o nosso mail, podem continuar a mandar até ao fim de Agosto.

Ana Bela

Estou aqui de mãos estendidas
avistando o mar por entre os dedos,
a espuma no areal vai escrevendo
estaremos...
estou...
estás...

estás onde eu estiver,
estaremos num abraço
estou num beijo teu
estaremos nos olhos um do outro.

Porque se eu estou
tu estarás
nós estaremos,
muito docemente
espreguiçando-nos
no amor.

Ana Bela

As crianças, são o que de mais simples e sem rancor existe "ainda" neste mundo.
Depois de uma catástrofe, eles conseguem ter sorrisos. Entre escombros, espreitam o novo dia que lhes pertence.

Ana Bela

Bernardo

Agora que tens 17 anos vou contar-te
uma história para homens que fazem a
barba.

Sabes que estiveste 9 meses na barriga
da tua mãe, mas também eu sentia que
estavas comigo, porque, já gostava de ti
muito antes de te ver.

Quando nasceste, senti que eras mais
um filhote para eu amar muito.
Dei-te o primeiro banho,
mudei-te as fraldas, adormeci-te
no meu colo, amei-te muito.

Deixei-te pintar paredes,
brinquei contigo,
fiz-te rir.


Foste de férias comigo e com o tio,
eras o menino mais lindo que existia.


Tirei-te tantas fotografias e fiz-te tantas vontades....algumas sei que não devia ter feito, mas embora te tenham prejudicado (dizem) fizeram-te feliz no momento.
Hoje continuas a estar no meu coração, adoro-te e mesmo que ralhem comigo nunca deixarei, se puder, de te fazer as vontades.
Por tudo isto, quero que saibas que estarei sempre aqui, como um porto de abrigo, onde acostam os barcos em segurança. Sempre terás aqui uma tia maluca que te ama. Não te esqueças de mim, como eu nunca me esquecerei de ti esteja onde estiver.

Ana Bela

Truques provados e comprovados

Para que uma criança aprenda a calçar os sapatos e saiba qual é o que deve por em cada pé, faça uma marca no interior do sapato direito.

Para acalmar uma criança que chora é óptimo falar-lhe muito baixinho e dizer-lhe palavras meigas ao ouvido. Parará de chorar, para ouvir o que dizes. Isto é 100% eficaz com os maridos!

Ana Bela

Sei que é tarde e todos têm férias programadas, mas quem sabe um fim de semana ir matar saudades de África, parece mas não é, no entanto vale a pena ir até ao Tembo no Alentejo.

Fotografias: Ana Bela

Ana Bela

Os amigos não vivem só em harmonia como alguns dizem, mas em melodia.

La Rochefoucauld


Ana Bela

Momentos Hilariantes

Para nosso espanto e perante a impossibilidade de não rirmos e muito. Um dia aconteceu...
Alguém entrou no café, de fato e gravata, descalço.
A nossa mente tem destas coisas, nem as pedrinhas do chão, fizeram o cérebro despertar por o incómodo.

Ana Bela

A sessão de apresentação do livro das crianças agendada para dia 16 começou e acabou com a presença de alguns poetas da Apenas Livros Editora e com uma criança.
Se me perguntarem qual foi a sensação, direi que foi de vazio e que me perguntei se valeu a pena. Depois fiz o balanço e honestamente achei-o positivo.
Quando temos há nossa frente uma criança com 5 anos, que escreve correctamente, que deu autógrafos aos presentes, que não mais largou o livro como se de um tesouro se tratasse e nos diz que quando for grande quer ser escritora, Beatriz Brito, tu encheste a sala.
Ela merece a transcrição do seu poema.

História dia bonito

Está um dia bonito

Borboletas a voar
e a princesa a cantar
e as rosas a nascer
e os passarinhos
a cantar

Beatriz Brito 5 anos


Ana Bela

Meu filho

Inventei-te
quando brincava com bonecas e tachinhos.
Sonhei-te
adolescente ainda.
Quando entraste em mim
dei-te olhos verdes cabelo loiro
um amor por mim
igual ao que eu tinha por ti.

Sentia por todo o meu corpo
o teu corpo molhado.

Amei-te mesmo antes de te sonhar
de te sentir.

Hoje, ainda vou de noite ao teu quarto
ver se estás bem.
O meu coração sobressalta-se
quando sais de moto, de carro, a pé.

Trinta e cinco anos passaram
tu, continuas a ser
um corpinho molhado
dentro do meu.

Fui eu que te escolhi
mas, mesmo assim
obrigada por me teres aceite.

Ana Bela

Vou voltar à frase "este café é uma metáfora da vida".
Atentem no dia de hoje e ...
- Bela empresta-me meia dúzia de ovos?
- descosi as calças no (...) tem um agrafador? pode ajudar-me?
- Empresta-me um pacote de manteiga?
- Tem um pezinho de salsa?
- Pode dar-me um saquinho de gelo porque o João caiu no jardim?
- Arranje-me um comprimido, que não posso mais com dores de cabeça.
A metáfora é bem aplicada, porque há manifestações de carinho, porque afinal não se vive isolado, porque afinal existimos.
Trouxeram-nos,
- Pêras
- Pêssegos
- Ameixas
- Bolinhos para o Pedro
Acreditem tudo isto no dia de hoje.
Um dia como todos por aqui, onde não dá para ficar indiferente à diferença.
Obrigada.

Ana Bela

Quero lembrar que hoje, dia 16 pelas17h30m, vai ter lugar a apresentação do livro das crianças volume V "estórias do amanhecer", na Biblioteca Municipal de Cascais.
Apareçam, tragam os vossos filhos escritores e quem mais quiserem, todos serão bem vindos.

Ana Bela

"Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido"

Jules Renard

Ana Bela

Voltamos aos Poetas do Grilo

Vai assim este poema
Acaso tenhas vontade de ir
Para além dos primeiros seixos.

É o improvável
A testemunha ocular deste afecto.
É a ausência de um pontífice
Que o mantém suspenso
Entre duas margens de nada.

És a terra
Onde este rio negro e argiloso
Se afoga
E renasce
Fonte oura
Água
Fantasia.

Alexandre Conceição


Ana Bela

Truques provados e comprovados

Quando andava a estudar, tinha também aulas de economia doméstica, claro que no Instituto de Odivelas, não era igual ao ensino publico ate porque um colégio interno, tem de ocupar todos os tempos.
Arte de dizer
Culinária
Puericultura
Primeiros Socorros e ainda, todas as disciplinas que todos têm ate ao décimo segundo ano, acreditem, não é fácil, porque não enumerei nem metade.
Gostei, não seria a pessoa que sou hoje, por muito que me tenha custado estar fechada.
Voltemos à aula de economia domestica, da qual guardo ainda os livros e cadernos. Entre muitos truques, vou começar pelos "anjinhos":

- Se uma criança tem dificuldade em engolir um comprimido, coloca-o num colher de chá de marmelada e verás como engole com facilidade.

- Quando quiseres examinar a garganta do teu filho, ser-te-á muito mais fácil se puseres um caramelo bem doce na ponta de um palito e com isso lhe baixares a língua.

Ana Bela

Fotografia: Pedro Duarte

"A poesia é a endiabrada tentativa de pintar a cor do vento"

Ben Hecht


Ana Bela

Estava eu admirada de em 18 anos ver crianças transformarem-se em homens e mulheres.
Hoje, lembrei-me dos " robertos do jardins ", de tantas crianças (incluindo eu) que em silêncio, atentamente olhavam maravilhados e seguiam as histórias dos bonecos, que povoavam com as suas vozes características o seu imaginário .
Lembrei-me de tantas coisas mais. Que saudades da campainha que anunciava a chegada do carrinho dos gelados, que saudades dos pirolitos, daquela bolinha de vidro que por mais que pensasse, não conseguia perceber como fora ali parar, dos chupas muito compridos que esticavam quando os começássemos a comer. Digam-me, não há por aí alguém que ande nas casa dos 57 e que tenha comido pão com manteiga e açúcar? Que delicia...
Eu ainda sou do tempo...bem, sou do tempo que os tempos não fazem esquecer, mas que não voltam por muitas memórias que tenhamos.

Ana Bela

Momentos Hilariantes

Era dia de feira em Carcavelos. Uma senhora desconhecida, senta-se para almoçar, escolhe o comer, é-lhe servido, quando nos apercebemos, trazia com ela uma garrafa de vinho tinto que tranquilamente tira do saco e começa a beber pela garrafa (esclareço que não podemos vender garrafas de litro).
Claro que rimos.
Alguém me diz o que faria nesta situação?

Ana Bela

Cresci à espera do meu pai. Militar e do mar, sempre seu navio navegava para longe do meu abraço, do colo, do beijo, do cobertor puxado com carinho até me taparem os olhos, a boca, o nariz e eu ficava tapadinha, ouvindo a historia que me contava.
Percebo hoje que nem respirava com medo que se fosse, que o navio demorasse e eu sem saber o fim da historia. Adormecia.

Ana Bela

Enquanto os nossos jovens passam o seu tempo, praticando os hobbies preferidos, quando se entretêm calmamente e em paz, há que incentivar, ajudar e patrocinar.
Foi o que fizemos, temos então uma equipa de Slot Cars do Café Grilo.
Num destes fim de semana competiram e trouxeram um honroso 6º lugar e como não podia deixar de ser as respectivas fotografias.
A corrida teve lugar nas pistas da Slot Model Racing, do Senhor João Angeja no Linhó em Sintra.

O nosso carro

A T-Shirt

A equipa durante a prova

Os carros na grelha de partida

Da esq. para a dta: Pedro Rodrigues, Luís Pedro, Nuno Seabra, Pedro Duarte e o anfitrião o Sr. João

O troféu

Ana Bela

Gosto tanto de ler e tenho lido tanto, que encontro dificuldade, por incrível que pareça, para acrescentar o livro do mês, aos meus favoritos. Decidi-me por Susanna Tamaro.
Cito:
"- E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.
Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te leva."


Ana Bela

A Rita Costa e Sousa, habitual presença nas nossas conversas mensais, tem sempre a amabilidade de tirar fotografias para a posteridade, não querendo deixar de mostrar a sua arte, aqui ficam mais umas fotos tiradas com outros olhos.







Fotografias: Rita Costa e Sousa


Ana Bela

Canto a vida que foge, os amores perdidos
as batalhas que ficaram por travar
canto os doces momentos esquecidos
no tempo esgotado por passar.

Lembro os dias alegres de infância
a fome de crescer e não estagnar
Lembro as horas serenas e sem ânsia
no doce aconchego do meu lar.

Resta a memoria do que vivi no tempo
de brincar, de amar e de dar vida
e se hoje a recordar me sento

Enfrento a vida com esperança renascida.
Moldei-me na respiração do vento
e com gente que não será esquecida.

Luísa Liberal
Junho 2009

Poema que nos foi entregue, para que o transcrevêssemos.

Ana Bela

Depois do lançamento do livro dos mais pequenos, fiquei a pensar que se isto aconteceu, foi porque era importante que eles vissem que o que escrevem, pode ser lido num livro. Isso é de certeza. um acontecimento. por o que me tem sido dado a observar, que não percebem muito bem. Depois pretendeu ser um incentivo à escrita.
Atingidos os objectivos e como alguns pais dizem que os filhos continuam a escrever, quero por a disposição este blog, que é deles também,, para transcrever os textos, se assim as crianças o desejarem e os pais concordarem.
Chamo a atenção, que há quem escreva muito bem, atendendo à sua pouca idade.
Em conjunto, podemos, quem sabe, descobrir novos escritores.

Ana Bela

Tempo

Não tenho tempo
Tanto para fazer e...
Não tenho tempo,
Um abraço,
Um beijo,
Um olá,
Não tenho tempo,
Vamos pensar,
Vamos agir,
Não tenho tempo,
Passear,
Fugir,
Olhar,
Já disse,
Não tenho tempo!

Agora sim, com tanto tempo,
E ninguém para me acompanhar,
Porque olham todos para mim?
E porque choram?
Eu tenho tempo: Agora, vamos...
Não...para onde vou,
Vou sozinho mas com tempo!
Tempo para quê aqui?


Pedro Duarte


Texto publicado no I volume de "Escrever é um lugar tão perto"
Poemas no Café Grilo

Poucos sabem que sou antiga aluna do Instituto de Odivelas, mas sou.
Isto para dizer que nas três sessões das Conversas do Café Grilo, tenho tido o grato prazer de estar acompanhada de dois antigos alunos dos Pupilos de Exército e claro está de muitas mais pessoas, mas ontem, não sei se foi da Florbela Espanca, se foi a saudade, quando olhava para esses Senhores na ternura dos 70, como um deles diz, via-nos pequenos, tímidos e incomodamente metidos em fardas maiores que nós.
Nos muitos anos que estamos a estudar, estes colégios encontram-se em muitas actividades, dado o seu cariz militar, isso faz dos alunos e alunas quase irmãos. Assim, ao longo da vida, mesmo que nos separem as idades, é bom saber que pertencemos a esses estabelecimentos de ensino. A vida acaba por fabricar encontros impensados. Viva a poesia, a amizade e fiquem sempre connosco as recordações.

Obrigada a todos os que compareceram e na próxima sessão venham aqueles que desta vez não puderam vir. António Aleixo, no dia 2 de Setembro, virá passar a noite na nossa companhia.

Ana Bela

Momentos Hilariantes

Esta também dá para rir.
Um pequenito , ai dos seus 4 anos, entra no café, dirige-se aos brinquedos e diz: o meu pai está no outro café mas eu venho buscar um brinquedo, posso?
Dissemos que sim, claro.

Ana Bela