Amanhã será o último dia de trabalho, finalmente férias. Mas não tenciono passá-las esforçando-me tanto assim. Ficarei no Magoito na tal água redondinha, ou então descerei à linda praia do Ma goito.

Subir escadas destas, que curiosas são certamente, não fará parte dos meus planos. Sem ser a água" enformada", só mesmo os meus livros de leitura atrasada.

Ana Bela

Não posso nem quero que este dia passe sem que de alguma maneira eu diga que estou triste. Quando fui para o Grilo, todos os dias estavam connosco as filhas mais velhas de António Feio, adolescentes, queridas e simpáticas. Nas nossas sessões de poesia contamos sempre com a presença de Carlos Peres Feio, irmão de António.
Sempre que me era possível, deixava que me fizesse rir ou chorar. Não posso esquecer a peça "Arte" e as noites agradáveis que passei a assistir às suas representações.
A ti Carlos Feio, a minha amizade e o prazer que deves ter tido em ter um António sorridente e brincalhão como irmão.



Ana Bela

Está uma nota informativa no Café Grilo, com a data das nossas férias e também relembrando o número do telemóvel que podem usar para enviar as vossas mensagens como vem sendo hábito há muito tempo. É sempre um prazer saber o que sentem na nossa ausência, o que se renova quando à chegada afixamos as mensagens e achamos engraçada a admiração de quem as lê.

Pode dar largas à sua imaginação, aos seus sentimentos de saudade, porque não? Nós não identificamos a origem...


Ana Bela

E ainda recordando o Verão, os 15, 16, 17 anos, pergunto-me como eramos tão animados e felizes com o tão pouco que tinhamos. A música era sem dúvida o nosso bem e o maior de todos era podermos conversar, falar uns com os outros, rir e estar horas em diálogos que nos preenchiam, nos traziam sempre algo de novo.
Não sou muito apaixonada por computadores, servem para o que servem e tenho muito mais horas para dispensar a uma boa leitura. Parecerá a alguns insensato, mas ainda bem que este ecrã que tenho à minha frente, não tinha no tempo em que cresceram comigo os amigos, em que todos tivemos tempo para nos ouvir.



Ana Bela

A praia da Parede, foi sempre a minha praia, morava perto e lembro as férias de Verão, depois de um ano fechada no Instituto de Odivelas, como o melhor que havia. Os meus irmãos e os nossos amigos, viviamos até à noite na praia, lembro-me que a minha mãe por vezes leváva-nos o jantar e nós ali estávamos como se fosse o Paraíso.
Hoje, não sei se se pode fazer o que fazíamos, há uma mudança de atitude e temos medo. Ontem, sai de casa por volta das 20h30m e fiquei abismada, as praias estavam cheias, como nos tempos da minha adolescência, tive saudades e que saudades. Só não acredito que alguém se atreva a ficar até nascer o sol e nós sim ficávamos.




Ana Bela

Digo muitas vezes que a minha cozinha é o espaço onde dou largas à imaginação. Talvez porque quis um dia ser arquitecta. No entanto não me afastei muito da área das artes e os anos que dei aulas, deram-me imensa satisfação.
Como gosto de cozinhar, para mim é tudo uma questão de criar, deixo aqui uma receita que faço há pouco tempo no Grilo, mas que tem sido muito bem aceite.

Um pacote de massa Brich, o recheio que quizer e faça assim: as folhas são muito finas, tem que as barrar com manteiga uma a uma, depois ponha um montinho de frango cozido, ou fiambre ou atum, ou o que lhe apetecer, no meio do recheio ponha uma gema de ovo crua, dobre a massa em quatro e leve ao forno bem quente até dourarem. Pode ser um recheio doce, se a ideia for para sobremesa. Experimente porque é também uma óptima sugestão para aquelas sobras que não sabe o que fazer com elas.



Ana Bela

Um recadinho que me chegou hoje à cozinha. É bom saber que a Moamba estava boa. mas o que

me alegrou, foi a palavra que não ouvia há muito "Kwatcha". Obrigada.

Ana Bela

Antero de Quental, figura destas notas, merece que o recordemos na próxima sessão de poesia.

Vamos, mesmo que o mar nos retenha toda a atenção e o sol nos ponha outra cor no corpo, pensar só um bocadinho em verso, soneto ou rima.

Ana Bela

"Quando mesmo de olhos fechados, reconhecemos um perfume, só pode ser de alguém que nos faz feliz"

Este pensamento, veio mesmo ao encontro do que pensava hoje fechada na cozinha. Todos os dias há quem me visite, batem à porta e eu sei por o toque quem vai aparecer. O que quer dizer que identifico quem me deixa feliz. Agora já nem digo pode entrar, hoje por exemplo até falei um pouco alto demais, antes mesmo que a porta se abrisse "é o Ricardo".
È muito bom saber que as pessoas nos lembram mesmo que não nos vejam.


Ana Bela

Voltando às recordações que os cheiros nos trazem à memória, nesta altura de férias, lembro com mais saudade os poucos, mas os melhores anos da minha vida (considerando que era uma quase adolescente), que passei em África.
O cheiro do mar, da terra vermelha, o cheiro dos fins de tarde, das noites mornas de aromas, o calor que saia do chão depois de uma chuvada de uma cacimbada. Que férias eu passei! que férias eu passo, desfolhando as recordações , acordando os sentidos dentro de mim!
Há muitas coisas boas na vida, mas conseguir através dos cheiros do passado, viver no presente imagens de tantos anos que ficaram muito lá no fundo da memória, é qualquer coisa de fantástico. O ser humano tem destas coisas...



Ana Bela

Ainda a propósito dos "anjinhos". Há um casal no Grilo, a quem sempre ouvi dizer que quando se reformassem iam finalmente fazer as viagens adiadas ao longo da vida.
Pois... entretanto, os filhos gémeos casaram e rápidamente se multiplicaram. Digo multiplicaram, porque podiam ter um bébé, mas não, cada um teve os "anjinhos" a dobrar e num curto espaço de tempo, apareceram 7 lindas criaturas que fizeram esquecer as viagens. Hoje, alegres e contentes, lá andam babadíssimos transportando os 7 netinhos.


Ana Bela

Luiz Gonzaga Ribeiro diz: Netos, é quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.

É curioso, mas eu acho que os avós andam sempre atarefados da escola para a natação, do piano para a equitação, do jardim, para os baloiços e dizem que é um desassossego, pois eu tenho a certeza que eles adoram toda essa animação que os ditos anjinhos trazem à sua vida.

Ana Bela

Momentos hilariantes

Aconteceu há muito tempo no Grilo, mas só hoje a memória me deu o prazer de o lembrar.

"Um senhor pediu uma água das pedras no tempo em que as garrafas não eram de tara perdida,
queria levar a garrafa e pagar a tara, coisa que não era nosso costume fazer, pediamos para depois trazerem. Num tom de voz algo irritado disse-me: a senhora conhece-me de algum lado? sabe lá se eu trago a garrafa? ou recebe a tara ou não levo a água"

Ana Bela

Como as férias estão à porta e os meus neurónios estão todos voltados para esse acontecimento, tenho certa dificuldade em imaginar a minha escrita para o blog, mas como gosto de escrever e como o "conversasdocafegrilo" limita um pouco os assuntos na medida em que gosto de estar sempre ligada ao Grilo no que escrevo, hoje, para quem não sabe vou contar um segredinho. Sabiam que temos uma lista do tamanho de um "comboiozinho", de pessoas a quem telefonamos sempre que ao almoço haja determinado comer? a seu pedido é claro exemplos:
- sopa de alho francês
- bacalhau com natas
- bolas de carne recheadas com queijo
- empadão
- bóbó de camarão
- polvo à lagareiro
- arroz de polvo com filetes de polvo
- pataniscas de polvo...
É só uma amostra, para perceberem porque gosto do Grilo, porque gosto cada vez mais de todos os que nos preferem.


Ana Bela

Esta imagem, leva-me a um lugar lindíssimo onde há uns anos passámos férias, Sanábria em Espanha. O seu imenso lago de alta montanha, completamente gelado no Inverno e fazendo uma enorme e redonda praia no Verão, ainda hoje me deixa saudades. Mas a razão da fotografia é para mostrar a Nudi que tal como o dono (Pedro), faz amanhã anos, 5 anos de companhia, 5 anos em que adquiri uma companheira e segundo se diz na nossa casa, a minha sombra, onde eu estiver a Nudi está e eu adoro esta cadela. Obrigada Nudi por seres todos os dias, quer eu esteja bem disposta ou mal disposta, quer eu ralhe ou faça festas, minha amiga.



Ana Bela

Quando me olho ao espelho, seria louca se não visse uma mulher de 58 anos, mas quando olho através do espelho, quando penetro a minha imagem para lá do refexo transmitido, não creio que veja uma mulher dessa idade. O que vejo é alguém que há bem pouco acabava de ter o seu muito desejado bébé, que abriu as mãos e deixou o tempo passar, quer dizer, mesmo com as mãos fechadas ele passaria na mesma e o resultado de não conseguirmos parar o tempo é os 36 anos que no Domingo fará a criança que fez e faz os meus dias valerem a pena. Obrigada Pedro.



Ana Bela

Poema

Na Mão de Deus

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!


Antero de Quental, in "Sonetos"




Continuando a conversa de ontem, este Poema é um dos que escutávamos nas aulas.
Um dos que vinham nos livros de leitura. Lindo.

Ana Bela

A propósito do poeta Antero de Quental nosso convidado na próxima sessão de dia 1 de Setembro, ouvi esta conversa no Grilo (seria inconveniente dizer entre quem).
- Quem é o Antero de Quental?
- Um poeta que eu me lembro das aulas, quando andava a estudar.
- Bem, eu não devo ter assistido a essa aula ou então estava distraído, ou estava lá e não ouvi nada, que é o mais certo!

Haja paciência e ainda dizem que os alunos de antigamente eram melhores que os de hoje...


Ana Bela

Já tenho posto aqui algumas fotos e tentado aguçar o vosso olhar para descobrirem quem são. Fica mais esta e descubram se forem capazes, todos a conhecem muito bem.

Quando estava a dar aulas, na sala de professores, havia sempre este jogo e era engraçado descobrir os colegas, ou não, naquelas fotos. Tentem...

Ana Bela

No Natal, o Pedro ofereceu ao pai e a mim um Voucher da vida é bela que se chama Refúgios. Como a minha nova função no Grilo não me permite sair sem ser nas férias e como a prenda tem escrito nas costas a validade, tivemos que escolher o refúgio, toda esta conversa para dizer que escolhemos aquele que nos pareceu o mais caladinho possível, o que nos oferece o maior número de árvores, de verde, de céu e de paz - Parque Noudar - pasmem, em Barrancos bem encostados a Espanha assim como que a querer, encostados a um lado do País, esquecer um ano de barulhos.




Ana Bela

Truques provados e comprovados

Para abolir cheiro de tintas quando estiver a pintar, basta pôr uma tijela grande com água e uma colher de amoníaco no sítio onde está a pintar e deixar de um dia para o outro.



Ana Bela

Começaram as reclamações por irmos de férias, acredito que seja difícil quando estamos em casa , fecharem-nos a porta por 20 dias, mas num instante voltaremos e eu pessoalmente que estou encerrada na cozinha, tenho mesmo que ver as árvores, o céu, tenho que sentir em 20 dias que afinal o Mundo para lá das grades e do espaço reduzido do meu local de trabalho, ainda existe.
Sobretudo tenho que confirmar que o mar é azul e que os pássaros ainda voam.



Ana Bela

A próxima sessão de "conversasdocafegrilo" será dia 1 de Setembro, pois que em Agosto estamos de férias. O poeta escolhido foi Antero de Quental.




Ana Bela

Mais uma noite bem animada, esta dos "Poetas do Grilo".
Após a leitura de alguns dos "Nossos poemas" seguiu-se uma animada conversa sobre o acordo ortográfico dividindo opiniões.
Ficam aqui os registos da nossa noite.









Ana Bela

Hoje não sei que escreva, eu que sou a mulher dos truques provados e comprovados, sei o truque para esta imensa dor de dentes, mas como os cheiros, dizia eu há umas conversas passadas, me recordam tantas coisas, o do dentista por exemplo desperta em mim a vontade de fugir. Acreditem que já tenho chegado à porta do consultório e venho-me embora.
Pois bem, como dá para perceber quem foge é algum dia apanhado e eu tenho dores de dentes...



Ana Bela

Espero amanhã por muitos poetas do Grilo e não só, venham poetas, amigos e aqueles que se têm juntado a nós porque ouviram falar. A sala da Junta tem um belo ar condicionado, está fresquinho.


Ana Bela

Passei a segunda feira como é normal a fazer coisas para o Grilo, as sobremesas, os encapotados, os pitos e sei eu mais o quê, mas com este calor, não consegui tirar da cabeça a minha doce, pequenina e redondinha piscina que espera por mim em Agosto.

Até passei um dia agradável, os sonhos são para ser usados e eu usei, tanto quanto um sonho deixa.

Ana Bela

Desde os 11 anos, altura em que fui para o Instituto de Odivelas, que me ensinaram a ouvir e cultivar o gosto por a música. Era obrigatório ir aos concertos do São Carlos, sempre que mandadas por a Direcção. Não vou dizer que não adormecia muitas vezes, mas 11 anos dá muito sono...
Esta conversa para dizer que uma das minhas primeiras paixões musicais, foram algumas coisas de Mozart, essas mesmas coisas que são tão usadas em tudo que é gravador de chamadas, hotéis, consultórios etc. Hoje, que me fazem ouvir repetidamente música enlatada e em alguns lugares o dia inteiro, tenho por cá uma dor, acho que já não gosto do que gostava.



Ana Bela

Preparava eu a sessão de quarta feira "os poetas do grilo", quando abri um dos livros e deparei com os autógrafos que escreveram no meu livro e este chamou-me especialmente a atenção porque é de um dos meninos que vi crescer.
Diz entre outas coisas o seguinte: O Grilo é um espaço de amigos que a Bela faz o favor de tomar conta e manter aberto, qual sala de estar de uma casa de todos"

Boa Vicente é isso mesmo uma casa de todos!


Ana Bela

Charles Chaplin escreveu...

"Já liguei só para escutar uma voz. Já me apaixonei por um sorriso"

Ana Bela

Estava a olhar para a Nudi a cadela do Pedro e lembrei-me que este mês vou acrescentar à lista das leituras, um livro que eu gostei imenso de Manuel Alegre "cão como nós". Fez-me pensar que, quando somos amigos quer de pessoas ou animais, de uma maneira ou de outra ficarão sempre connosco.




Ana Bela