quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Chá da meia noite

Ontem dizia que a minha amiga está doente, ontem também dizia que não havia poesia, ontem mais uma vez tentei apelar à minha veia poética e nada sobrou dela, mas há poetas e há poemas e este que transcrevo, para mim é muito bonito, espero que para a minha amiga também seja.

Com as mãos

Com as mãos
construo
a saudade do teu corpo
onde havia

uma porta,
um jardim suspenso,
um rio,
um cavalo espantado à desfilada.

Com as mãos
descrevo o limiar,
os aromas subtis,
os largos estuários,

as crinas ardentes
fustigando-me o rosto,
a vertigem do apelo noturno,
o susto.

Com as mãos procuro
(ainda) colher o tempo
de cada movimento do teu corpo em seu voo.

E por fim destruo
todos os vestígios (com as mãos):
Brusca-
mente.

Eduino de Jesus


Ana Bela