Não resisto à tentação de transcrever excertos de prosa ou poesia dos nossos livros. Desta vez do Volume III, "reencontros à mesa do café" - Poesia -
gostas de rosas?
sim...gostei um dia.
Diz-me...
Quanto tempo passou
Até já não se venderem rosas?
Até deixares de mas oferecer,
E eu de tas pedir?
Quanto tempo se esgotou
Até perderem significado?
Até o constatarmos?
Era rara uma zanga e ainda assim surgia uma rosa
Para demonstrar que tudo era efémero....e acabou por ser.
Quanto tempo se escoou,
Até te esqueceres de me dar a mão,
Até não me lembrar de te dar a minha?
Abandonei-a perto de ti tantas vezes...
Estavas ausente
Tornei-me ausente.
Quanto tempo percorremos,
Até tudo nos ser indiferente,
Até não se venderem rosas,
Até não possuirmos mãos?
Tornámo-nos imperceptíveis,
impalpáveis, um ao outro...
As rosas ficaram pálidas,
o tempo avançou sobre elas,
Restando somente pó
e pétalas quebradiças.
Lembro-me da rua, lembro-me que era um final de tarde.
Lembro-me de não ter dito nada. Naquele dia soube que caminhávamos para o vazio e calei-me. Estava cansada. Fora mais um dia intenso de trabalho e nesse momento falhou-me a voz. Recostei-me no banco do carro e coloquei os óculos escuros de tal forma tinha a vista cansada. Anoitecia.
Devia ter-to dito. Pelo menos teria tentado.
Raquel Vasconcelos
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário