Tenho falta de poesia e por isso um poema dos mais bonitos, para o meu gosto claro, de Nuno Júdice.
Espelho
Às vezes, queria ter uma palavra
para te ver, tão leve como a flor,ou
tão doce como o amor; queria saboreá-la,
como se fosse um torrão - ou dizê-la
como fácil suspiro, sem dor nem tristeza.
De outras vezes, queria envolvê-la numa
espuma de frases, escondê-la sob a névoa
do verso, ou atirá-la ao vento que a
confundisse com a mais branca nuvem.
Mas essa palavra só existe porque diz
o que és, quando a digo; e se a não
digo, também o silêncio se transforma
em palavra, para que o espelho do poema
se abra, e nela o teu rosto me sorria.
Ana Bela
segunda-feira, 14 de março de 2011
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