Este mês, vamos tentar ler ou reler Mia Couto -Raiz de Orvalho. Livro de poemas, que por muito velhinho que seja, sabe bem, sabe bem descobrir novos termos, novas pessoas, novos poemas na magia de quem brinca com as palavras
Poema da despedida
Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo.
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo
Mia Couto
Ana Bela
terça-feira, 2 de abril de 2013
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