De Mário Castrim
Como é que
Como é que eu,
ouvindo tão mal, distingo
o teu andar desde o princípio do corredor?
Como é que eu,
vendo tão pouco, sei
que és tu que chegas, conforme a luz?
Como é que eu,
de mãos tão ásperas, desenho
a tua cara mesmo tão longe dela?
Onde está
tudo o que eu sei de ti
sem nunca ter aprendido nada?
Serei ainda capaz
de descobrir a palavra
que larga o teu rasto na janela?
(Que seria de nós
se nos roubassem os pontos de interrogação?)
Ana Bela
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
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